terça-feira, 27 de dezembro de 2011

As Crônicas narradas através das Cartas de Ponta Grossa - 4ª carta em Mossoró

Mossoró, 13 de dezembro de 2009.
 
Amigos (as):
PAX!
 
         A vida que S. Bento pensou e projetou para seus filhos nos Mosteiros está baseada em dois grandes pilares: a Oração e o Trabalho. E desde o começo ele pede para que o candidato seja iniciado na dureza da vida que vai encontrar lá dentro:
         “Apresentando-se alguém para a vida monástica, não se lhe conceda fácil ingresso, mas, como diz o Apóstolo: Provai os espíritos, se são de Deus (1 Jo 4,1). (...) Sejam-lhe dadas a conhecer, previamente, todas as coisas duras e ásperas pelas quais se vai a Deus” (Santa Regra 58, 1.2.8).
         De fato, a vida dos monges não é nada fácil, mas também não é nada insuportável. Pelo contrário, se vivida na simplicidade, na humildade e na alegria é caminho seguro para se elevar até Deus. Tanto que, chegando o fim do dia, não se vê ninguém estressado ou exausto pelas tarefas cotidianas. Porque a jornada num Mosteiro é pensada de maneira que tudo seja vivido de forma equilibrada, com alternâncias significativas entre refeição e jejum, trabalho e repouso, sono e vigília, oração e lazer...
Para S. Bento “a ociosidade é inimiga da alma; por isso, em certas horas, devem ocupar-se os irmãos com o trabalho manual e em outras horas com a leitura espiritual” (Santa Regra 48, 1). Não é à toa que, quando terminamos a última oração comunitária (Completas) e voltamos às nossas celas, durante o Grande Silêncio que só vai ser rompido após a oração de Laudes no outro dia, o corpo está razoavelmente cansado, mas o espírito está pleno e  tudo que mais queremos é uma agradável noite de repouso sereno e reparador.
         Outra coisa bastante interessante é a associação que é feita entre Oração e Trabalho. Não são duas coisas isoladas, estanques. O Trabalho é visto como uma continuação da Oração, naquela perspectiva da Primeira Carta de S. Paulo aos Tessalonicenses 5, 17: “Rezem sem cessar”.
         “Se, entretanto,alguém for tão negligente ou relaxado que não queira ou não possa meditar ou ler, determine-se-lhe um trabalho que possa fazer, para que não fique à toa” (Santa Regra 48, 23)
         No nosso futuro Mosteiro da Santíssima Trindade elaboramos um Projeto bastante interessante neste sentido. Como temos que nos preocupar com a nossa manutenção e a nossa independência financeira, iremos plantar um Bosque com árvores nativas, um Pomar com árvores frutíferas e uma horta (inclusive com plantas medicinais) para diminuirmos os custos com alimentação, já que teremos frutas, verduras e legumes.
         Também pensamos em criar alguns animais: Alevinos, Ovinos, Caprinos, Bovinos  para garantir ovos, carne,  leite e derivados.
         Como pretendemos também trabalhar com as Comunidades vizinhas, elaboramos, através da Associação Civil da Santíssima Trindade (que será a mantenedora do Mosteiro e, para isso terá que correr atrás de  verbas e patrocínios), alguns sub-projetos:
 
a)  Homens – “Grupo S. Bento”
Padaria
Apicultura
Fábrica de Polpa de Frutas
Marcenaria  
b)   Mulheres – “Grupo Sta. Escolástica”
Artesanato
Licoraria
Fábrica de Velas (comerciais, litúrgicas e artísticas)
Tear
c)    Jovens – “Grupo Ora et Labora”
         Fábrica de Material de Limpeza
         Fábrica de Incenso
         Serigrafia
         Gráfica
d)   Crianças – “Grupo S. Plácido e S. Mauro”
Farmacinha Comunitária
Guias Mirins
Venda de frutas e verduras
         Claro que tudo isso faz parte do grande projeto do Mosteiro como um todo. No início tudo será muito pequeno, de acordo com as circunstâncias e dificuldades que toda a Obra carrega quando está começando. Mas, pelo menos, temos claros os objetivos que queremos atingir.
Outro detalhe que me atrai na extraordinária figura de S. Bento com relação ao trabalho: Profundo conhecedor que é da natureza humana, ele também se preocupa com os mais fracos:
         “Aos irmãos enfermos ou delicados designe-se um trabalho ou ofício, de tal sorte que não fiquem ociosos nem sejam oprimidos ou afugentados pela violência do trabalho; a fraqueza desses deve ser levada em consideração pelo Abade” (Santa  Regra 48, 24 e 25)
A Trindade Santa, a Virgem Maria e nosso Pai S. Bento sejam a grande inspiração para a  nossa vida de Monges trabalhadores e orantes
Grande abraço do
 
Ir. Manoel

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