domingo, 27 de novembro de 2011

Apoftgemas

De um certo Abade Apolo da Cétia, diziam que fora pastor nos campos. Certa vez no campo viu uma mulher grávida, e, movido pelo demônio, disse: “Quero ver como o embrião está colocado no ventre desta mulher”. E, tendo-o aberto, viu o embrião. Logo, porém, repreendeu-o o seu coração; compungido, foi para a Cétia, onde confessou aos Pais o que fizera. Ouviu-os então a salmodiar: “Os dias de nossos anos ordinariamente perfazem setenta anos; nos poderosos, porém, oitenta: e o que os ultrapassa é trabalho e fadiga”. Disse, pois: “Tenho quarenta anos de idade, e ainda não fiz uma oração; se, porém, viver outros quarenta anos, não cessarei de orar a Deus para que me perdoe os meus pecados”. Nem trabalho manual fazia ele, mas rezava sempre nestes termos: “Pequei como homem que sou, sê tu propício como Deus”. Esta prece se lhe tornou um exercício constante, de dia e de noite. Um irmão, que morava com ele, ouviu-o dizer: “Atormentei-te, ó Senhor, perdoa-me, para que descanse um pouco”. Por fim conseguiu a plena segurança de que Deus perdoara todos os seus pecados, mesmo o pecado cometido contra a mulher; quanto à criança, porém, não obteve certeza nenhuma. Disse-lhe, então, um dos anciãos: “Deus te perdoou também o pecado cometido com a criança; Ele, porém, deixa-te na tribulação, porque convém à tua alma”. (Apolo, 2)

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